Pesquisas apontam uma triste história por trás de alguns sobrenomes italianos. Hoje vamos falar sobre isso!
Ciao, ragazzi!
Gente, resolvi dividir com vocês algumas histórias aqui da Itália.
São histórias que escuto desde pequenininho. Elas falam um pouco sobre a história da Itália e sobre como as coisas aconteciam por aqui antigamente.
A história de hoje é bem interessante, ainda que triste.
Eu já falei aqui da origem e de como nasciam os sobrenomes italianos, lembra?
Então, estudando mais a fundo o assunto, eu descobri que alguns sobrenomes italianos identificavam crianças que os pais abandonaram.
O que eram as rodas de enjeitados?
Desde os tempos medievais, ou mesmo antes disso, a prática de abandonar os recém-nascidos era muito difundida.
Em 1198, o Papa Inocêncio III ficou angustiado com o número de bebês que eram afogados no rio Tibre, e declarou que as rodas de enjeitados deveriam ser instaladas para que as mulheres pudessem, anonimamente, deixar seus filhos indesejados aos cuidados da igreja, ao invés de matá-los.
A “ruota pubblica”era formada por várias rodas, geralmente de madeira, espalhadas pelas cidades e localizadas na parede externa de uma casa, de uma igreja ou hospital. Ela era usada pelas mães que abandonavam os bebês que não podiam cuidar.
A roda tinha uma pequena cesta na qual um bebê podia ser colocado e então girado para dentro do prédio, sem que ninguém no interior pudesse ver a pessoa que abandonou a criança.
A mãe então puxava um cordão na parte externa do prédio e tocava uma campainha interna, alertando as freiras que receberiam o bebê, batizariam e registrariam a nova adição ao orfanato.
Precisa de uma conta bancária na Europa? 🏦🇪🇺
Então não perca tempo! Abra sua conta multimoedas gratuita em apenas 5 minutos com a Wise, a solução segura e confiável disponível em toda a Europa e no Brasil. O cartão de débito é entregue diretamente no Brasil, permitindo saques e compras em mais de 200 países ao redor do mundo.
Abrir conta
No início, as rodas de enjeitados eram presentes apenas na Itália. Depois, a prática se espalhou então para França, Espanha, Portugal e outros países que viriam a fazer parte da Europa católica.
Nos anos 1830-1860, aproximadamente 33.000 recém-nascidos italianos eram abandonados todos os anos por pais desesperados.
Mas é claro que essas crianças precisavam ter um nome. Muitas vezes, esses nomes contam um pouco da história da própria criança.
Muitos desses sobrenomes italianos existem até hoje
Os pesquisadores de genealogia tentam “construir” cada vez mais as árvores genealógicas de famílias e se frustram com a “parede de tijolos” apresentada por um antepassado não encontrado.
Grande parte das pessoas que levam esses sobrenomes hoje não fazem a menor ideia de que, em algum lugar de sua linhagem, estava uma criança que foi abandonada pelos pais.
Os nomes abaixo foram herdados por gerações e gerações. Mas, em algum lugar ao longo da linha, os antepassados destas pessoas foram abandonados quando crianças.
Mas como fizeram esta lista?
Foram usadas várias fontes diferentes de pesquisa para encontrar os sobrenomes que eram usados nas crianças abandonadas na Itália.
A principal fonte de informação foi “L’Origine dei Cognomi Italiani: Storia ed Etimologia” de Ettore Rossoni.
O Sr. Rossoni identificou sobrenomes como Aprile, D’Aprile, Febbraio, Febbraro e Settembre (abril, fevereiro e setembro) como sobrenomes para bebês abandonados. É bem possível que nomes de outros meses tenham sido usados da mesma forma.
O que fazer se eu tenho um desses sobrenomes
Mesmo se tratando de crianças abandonadas, essas crianças eram batizadas logo depois de serem encontradas.
Isso era feito pelas freiras que normalmente colocavam um nome (caso a mãe não tivesse deixado um bilhete com o nome da criança).
E sabe porque as freiras batizavam logo depois?
Por que a mortalidade infantil naquela época era altíssima e não queriam correr o risco que a criança morresse ateia e não pudesse ir para o céu.
Assim, se você tem um desses sobrenomes, mesmo que alguém da sua linha de ascendência tenha sido abandonado, essa pessoa tem sim algum registro de batismo com o nome declarado pela mãe antes de abandonar a criança, ou colocando pelas próprias freiras.
**Esse texto foi inspirado no original publicado pelo site “The US World Herald“.